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Foto do escritorletícia gonçalves rosa

sobre a pesquisa: educação e mundo-imagem

Sobre a pesquisa: “Alfabetização do olhar: educação emancipatória em uma cultura imagética”, desenvolvida como trabalho de graduação no curso de Licenciatura em Pedagogia na UFES, sob orientação da Profª. Drª. Julia Rocha



Em casa, um aluno de uma escola qualquer, enquanto assiste televisão, interage pelo celular com alguns dos seus amigos por meio de figurinhas e memes e joga com outros pelo notebook. No outro dia, ao percorrer o caminho para a escola, percebe que um novo outdoor foi colocado na esquina de sua casa e que há mais um grafite no muro da escola. Ao atravessar o portão para ir para aula, observa que mais cartazes foram colocados na parede do pátio e ao chegar em sua sala de aula, nota que os materiais de apoio com as imagens da Turma da Mônica que estavam expostos próximos ao quadro foram substituídos por outros. Essa pode ser, facilmente, a descrição da rotina de qualquer aluno que ocupa os bancos das escolas na sociedade contemporânea. Foi considerando o espaço ocupado pela linguagem imagética na vida desses sujeitos que surgiu o interesse em pensar as imagens nos processos pedagógicos dos professores com formação em Pedagogia durante o processo de investigação.




A minha trajetória no curso de graduação em Licenciatura em Pedagogia também teve papel determinante na escolha do tema e dos focos que orientaram a pesquisa. Durante as experiências que tive no espaço escolar pude observar como as imagens estavam presentes nesse lugar e como faziam parte do repertório dos alunos. Além disso, o encontro com autores como Tomaz Tadeu da Silva (2010) e María Acaso e Clara Megías (2017), me fizeram perceber as imagens como narrativas, pois mesmo quando não trabalhadas diretamente com os alunos, ditam seus comportamentos, visão de mundo, do outro e deles mesmos. Isso porque, segundo os mesmo autores, as imagens, como qualquer outra linguagem, possuem um caráter performático, em que não apenas descrevem a realidade, mas têm o potencial de criá-la ao difundir valores, práticas e comportamentos que determinam as subjetividades possíveis.


A partir dessas reflexões, encontros e desencontros que nasceu a pesquisa intitulada “Alfabetização do olhar: educação emancipatória em uma cultura imagética” em que a proposta foi de tentar entender o espaço que as imagens ocupam na escola, qual o lugar delas nas práticas pedagógicas dos professores com formação em Pedagogia que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental e quais são as potencialidades e as problemáticas da presença dessa linguagem na sala de aula.


Para organizar essa discussão a pesquisa foi dividida em três capítulos. No primeiro, o principal foco foi apresentar as imagens como uma linguagem própria e o potencial que elas possuem de construir a realidade. Além disso, também defendi nesse capítulo o potencial que a leitura de imagens tem de contribuir com a prática do professor formado em Licenciatura em Pedagogia.


No segundo capítulo, considerando que em uma pesquisa que tem Paulo Freire como um dos referenciais seria uma contradição não problematizar as condições materiais que perpassam a formação e a prática docente, o foco foi pensar como essa realidade impacta na construção de ações formativas atreladas ao universo imagético.


Por fim, no último capítulo foquei em apresentar os dados e as análises feitas a partir de uma pesquisa realizada em uma escola da rede pública de Vila Velha. A opção que fiz por vivenciar e analisar o chão da escola foi para tentar entender qual o espaço do universo imagético nas práticas docentes dos professores com formação em Licenciatura em Pedagogia que atuavam na unidade em questão, qual a relação dos discentes com as imagens e - por meio de uma dinâmica que envolveu uma curadoria educativa e um jogo, ambos produzidos para trabalhar sobre o processo de urbanização - promover a nutrição estética e pensar o potencial das imagens como um espaço de encontro entre o senso comum e os conteúdos curriculares.



A escolha de ir para o espaço escolar e desenvolver atividades a partir da curadoria educativa e de um jogo foi resultado de um movimento em direção a promoção do diálogo entre teoria e prática e também do interesse em compreender melhor as potencialidades e fragilidades de se trabalhar os conteúdos a partir da linguagem imagética. Agora, com a pesquisa finalizada, considero que essa foi uma escolha assertiva, como pesquisadora pude relacionar e contrapor os autores apresentados nos dois primeiros capítulos com as observações, trocas e práticas apresentadas no terceiro. Já como futura educadora, poder ocupar o espaço escolar, aprender com quem já está na escola atuando como professor e conviver com os alunos e tentar, de alguma forma, também contribuir com as práticas docentes desenvolvidas no espaço pesquisado, é sempre um movimento muito enriquecedor.




referências:

ACASO, María; MEGÍAS, Clara. Art thinking: Cómo el arte puede transformar la educación. Barcelona: Paidós educación, 2017. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.


sobre a autora:

Graduada em Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) entre 2020-2021. Tem interesse de pesquisa no campo de currículo, seja ele oficial ou oculto.

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