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Colchetes espelhados (2020)

Isabela Vima

A instalação “Colchetes espelhados” é uma representação simbólica dos tempos - passado e futuro - com espelhos no avesso que quando virados um para o outro dão a dimensão de infinitos reflexos. Mais que uma simples peça de observação, a obra convida os espectadores a refletirem sobre a historicidade e temporalidade da arte contemporânea.

 

O trabalho foi pensado a partir de Peter Osborne (2016), que propõe uma reflexão sobre a coexistência temporal da arte contemporânea. Para Osborne, o termo contemporâneo projeta um entendimento de uma soma entre tempos - passado, presente e futuro; o tempo presente contém o passado e o futuro. Dessa forma, entende-se que contemporâneo é tanto o presente histórico quanto o presente prognóstico (especulativo). A relação temporal da arte contemporânea não se desmembra, mas unifica, atravessa e desvela o elo entre o passado e o futuro. Os tempos coexistem, reproduzindo, processando e especulando o que está entre e ao redor deles.

 

A infinidade de reflexões projetadas nos espelhos se relaciona à arte contemporânea e ao entendimento da coexistência temporal, em que ela é transversal aos tempos passado, presente e futuro, uma vez que remete às próprias noções artísticas que a antecederam e especula as que sucederão. Sob a escolha de representar o passado em um dos colchetes e o outro no futuro, as projeções são atravessadas. Assimilando essa referência aos tempos, os atravessamentos são entre passado e futuro. A arte contemporânea é como essa apresentação temporal simbólica: multidimensional em apropriação histórica e prognóstica.

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