O que estamos vendo, lendo, consumindo? Será que o ditado popular “ver para crer” passa tanta confiança dentro da configuração de sociedade que estamos inseridos?
Fake news são notícias criadas para parecerem verdadeiras, se valendo de um discurso jornalístico que passe credibilidade aos leitores. Muitas delas se utilizam de imagens para falsear a verdade por trás do que está sendo dito, porque imagens ainda são reconhecidas como estatuto da verdade. Essas notícias se espalham pela mídia e por vias digitais todos os dias, alcançando milhões de pessoas que as compartilham massivamente, alterando seus sentidos a cada compartilhamento, como num telefone sem fio onde os fatos se misturam às mentiras e tudo perde completamente. Seu efeito é nocivo, suas manchetes muitas vezes são tendenciosas e sensacionalistas e convencem as pessoas a aderirem a certos discursos, duvidarem da ciência e acreditarem em muitas pautas duvidosas que podem até colocar em risco a sua própria saúde.
O ensaio visual Embaçamento traz várias fake news compartilhadas pelos usuários de redes sociais para exemplificar esse excesso de informações que nos perpassam e a forma como já não mais filtramos essas informações, ao ponto de deixar a nossa visão turva e assim não conseguirmos distinguir o que é real e o que é falso. Da primeira imagem até a última, nossos olhos submergem na quantidade de informações, de modo que já não é possível deixar de vê-las, elas se tornam parte do nosso cotidiano e formam nossa consciência.
Numa era onde a manipulação de imagens e vídeos alcançou a alta tecnologia, é preciso tomar cuidado com a forma como recebemos e assimilamos certos conteúdos e os tomamos como verdades. Manipulação de uma notícia não é apenas manipulação digital de uma imagem, ainda que se considere o efeito nocivo das transformações visuais que formatam nosso olhar. É preciso estar atento aos recortes que foram feitos e em qual veículo de comunicação a notícia está anexada, porque nada é isento de uma perspectiva ideológica.
Para que nós possamos fazer um uso saudável da tecnologia e da velocidade de comunicação que as redes e veículos de mídia nos oferecem, é preciso pensar sobre a formação crítica dos sujeitos. Quais as intencionalidades por trás de uma notícia? Mais do que nunca, essa problematização se faz necessária. É preciso ensinar a se questionar e avaliar as vias em que tal notícia está circulando, quem está propagando e do que se está falando, assim é possível tornar o acesso à informação mais democrático e os sujeitos mais independentes criticamente.
sobre a autora:
Ana Carolina Ribeiro Pimentel é graduada em fotografia pela Universidade de Vila Velha e atualmente cursando licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Participa do Grupo de Pesquisa Entre - Educação e Arte Contemporânea (CE/UFES) com foco na linha de processos artísticos e educativos relacionados na contemporaneidade.
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